Como a gestão dos RH pode ser mais eficiente com a Inteligência Artificial

Maria Ana Barroso
Maria Ana trabalhou mais de quinze anos no jornalismo económico, sobretudo nas áreas de banca e seguros. E fez também assessoria de imprensa e comunicação no setor financeiro. Hoje é freelancer na área dos conteúdos económicos.

Os departamentos de recursos humanos são uma parte essencial de qualquer empresa. Se funcionarem com qualidade e eficiência, podem fazer toda a diferença em questões como a produtividade e a eficiência do pessoal, a motivação dos trabalhadores, a retenção de talento ou a promoção de bons fluxos de comunicação dentro das organizações. Os Recursos Humanos têm um papel fundamental em garantir que os funcionários se sentem seguros e apoiados para que possam criar e trabalhar melhor.

A Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta acrescida para esta missão de criar condições de trabalho adequadas para os colaboradores das empresas. Está a revolucionar o mundo dos negócios (e não só) naquilo que é uma verdadeira mudança de paradigma, com tudo o que isso implica de bom e de mau.

Por um lado, existe todo um potencial de melhoria da qualidade de recrutamento de pessoal e de otimização na alocação de recursos. Tal acontece, nomeadamente, porque a automatização de processos permite que muitas operações possam ser realizadas ou concluídas sem necessidade de alocação de pessoal para tal. Desta forma, as equipas de recursos humanos ficam mais libertas para se poderem dedicar a tudo o que são tarefas de ‘valor acrescentado’, ou seja, que estejam alinhadas com a estratégia da empresa e que sejam potenciadores de maior retorno.

Para além destes e de muitos outros possíveis benefícios, o recurso à IA coloca desafios importantes, nomeadamente em termos daquilo que é a proteção de dados e a salvaguarda das questões éticas, por exemplo no que diz respeito ao uso indevido de informação dos colaboradores. Acresce que é um foco de grandes reticências para muitos, pelos efeitos que já está a ter – e que terá ainda mais no futuro – no mercado de trabalho. As novas tecnologias tornam obsoletas várias funções nas organizações, ao mesmo tempo que aumentam a necessidade de pessoal altamente qualificado para poder trabalhar com estes novos recursos.

Com mais ou menos IA nas nossas vidas, algo deverá estar sempre presente: não há máquinas nem tecnologias que se sobreponham ao papel que o ser humano tem em qualquer organização. Negligenciá-lo é um erro fatal.

Onde a IA faz a diferença em Recursos Humanos

Uma das áreas onde os benefícios da Inteligência Artificial nos Recursos Humanos fazem a diferença de forma mais notória é a do recrutamento. O trabalho de procurar e contratar novos talentos é exigente e consumidor de muito tempo e recursos. Quer na triagem, quer na criação e manutenção de bases de dados, na estruturação de entrevistas ou no atendimento de candidatos, a IA permite resultados muitas vezes mais eficazes e com potencial menor consumo de recursos. Por outro lado, permite processos de recrutamento menos permeáveis ao erro humano e a possíveis vieses.

Também na orientação e formação de novos colaboradores podem existir diversas vantagens. Graças à IA, a transmissão de informação, nomeadamente sobre o funcionamento da organização, as respetivas regras ou a atribuição de tarefas, é muito facilitada, podendo ser transmitida por telemóvel ou computador, por exemplo. É igualmente possível personalizar os procedimentos de integração de funcionários.

Um dos maiores desafios de qualquer organização nos dias que correm está relacionado com a retenção de pessoal. Poder acompanhar com maior frequência o nível de satisfação dos colaboradores, assim como detetar eventuais necessidades de mobilidade interna, revela-se crucial. Com a IA, podem realizar-se inquéritos mais regulares, obter feedback do nível de satisfação e aferir o envolvimento dos funcionários. E, desta forma, poder atuar de forma prematura na promoção da retenção de talentos.

A formação é outra das áreas que mais tem beneficiado do desenvolvimento tecnológico e do crescimento da IA em particular. Os colaboradores das organizações podem manter-se atualizados, realizar formações à distância e fazer diagnósticos das necessidades de qualificação.

É curioso verificar-se como, também nos bastidores das empresas, os indivíduos valorizam cada vez mais a possibilidade de terem experiências – neste caso de trabalho e carreira – moldadas às suas necessidades e perfil, à semelhança do que acontece com os consumidores. Isto graças, em grande medida, à IA.

Por último, também as lideranças beneficiam das ferramentas que as novas tecnologias têm vindo a introduzir. Não só na perspetiva de poderem perceber que áreas têm de aprofundar em termos de conhecimentos e formação, mas também para o próprio trabalho de chefiar e gerir equipas. O acesso a mais informação sobre o funcionamento das empresas e a forma como se está a trabalhar permite uma mais eficaz e atempada resolução de problemas dentro da organização.

A IA é já incontornável no mundo atual e assim será cada vez mais, com inúmeras vantagens, como se viu, para as empresas. Mas é um processo que acarreta desafios que deverão estar na mente de todos e sobretudo de quem ocupa cargos de gestão e chefia.

É fundamental garantir-se o rigor no tratamento dos dados, a imparcialidade da sua utilização e ter em conta que trabalhar com IA implica investir na sua manutenção e adequada supervisão.

Se bem aplicada, a IA pode mesmo acompanhar cada colaborador em todo o seu ‘ciclo de vida’ dentro da empresa, desde o recrutamento, passando pelo momento em que integra a organização e durante todo o seu percurso de carreira.

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