Crescimento de Negócio e Clientes

Estarão os consumidores dispostos a pagar por produtos sustentáveis?

Começou por ser tema apenas para um nicho de consumidores. Vistos quase como seres extravagantes, estas pessoas constituíam um grupo claramente minoritário que se preocupava em comprar apenas o que é sustentável, em ter em atenção à forma como os produtos eram fabricados e às condições de trabalho de quem os produzia, ao impacto ambiental do seu fabrico, aos materiais utilizados ou mesmo ao facto de os mesmos terem chegado ao cliente final através de um processo de comércio justo.

De fenómeno marginal, a procura e o consumo de produtos sustentáveis passou a tendência que ganha peso acrescido a cada ano que passa e que vai muito além de uma simples ‘moda’. O reforço da consciência ambiental, a maior mobilização das gerações mais jovens para esta causa e o próprio alinhamento do poder político com a necessidade de travar as mudanças climáticas está a tornar este movimento numa verdadeira mudança de paradigma cultural e social.

Embora exista ainda um longo caminho a percorrer, há claramente uma alteração do comportamento tanto dos consumidores como das próprias empresas que já não volta para trás. A oferta de produtos sustentáveis é cada vez mais algo que as pessoas esperam, por defeito, das marcas e não uma exceção que só vão encontrar raramente.

Preocupação com o clima versus Orçamento Familiar

Mas uma dúvida surge como inevitável. Ainda que o consumidor valorize a sustentabilidade do que compra, o fator custo será quase sempre fundamental. Sendo os produtos sustentáveis genericamente mais onerosos do que os demais, até que ponto estão as pessoas dispostas a pagar mais?

Se pensarmos nos levantamentos de dados já feitos sobre os comportamentos de consumo neste segmento dos produtos sustentáveis, é possível ainda verificar que, tendencialmente, são os consumidores de classes socioeconómicas mais elevadas quem tem o poder de compra para mudanças mais estruturais nos seus hábitos.

Seja como for, consoante também a região do mundo de que estejamos a falar, assim este é um percurso mais ou menos transversal às várias classes sociais. Acresce que, como sempre acontece à medida que algo sai do seu ponto de partida de nicho para conquistar mais mercado, os preços praticados vão, progressivamente, sendo mais competitivos.

Ainda que o preço seja ainda um critério de exclusão e algo que muitas pessoas privilegiam, cada vez menos o fator financeiro condiciona o consumo de produtos sustentáveis e o consumo destes produtos é mais democrático. Até porque, lá está, esta não é já uma simples ‘moda’, mas um processo de tomada de consciência que produz novos hábitos culturais.

Oportunidade de negócio

Onde há procura, há oportunidade de negócio. Os levantamentos de mercado que têm sido feitos um pouco por todo o mundo (e não apenas nos países mais desenvolvidos) confirmam um claro aumento do foco das pessoas na sustentabilidade e respetiva tradução nas escolhas de consumo que fazem.

Com a cada vez maior sensibilização para a crise climática global, as pessoas sentem que devem ter um papel neste ‘combate’ e veem no consumo uma forma de contribuírem para esta causa comum a nível mundial. Em resultado, privilegiam cada vez mais as marcas e empresas cujos valores se alinham com os seus. E esperam destas um compromisso com a menor pegada ambiental possível e com uma gestão responsável.

Para quem apostou neste segmento, a recompensa tem sido notória. Por um lado, os números mostram um crescimento do negócio que é, de longe, muito mais rápido do que a média do mercado. Isto deve-se, evidentemente, à tal maior consciência dos consumidores da necessidade de agir face ao problema das alterações climáticas, mas também ao facto de estar longe de ser um mercado maduro. Depois, é ainda uma área de atividade onde os preços praticados são mais elevados face à generalidade dos produtos ditos ‘não sustentáveis’ o que, já se sabe, resulta na possibilidade de maiores margens de negócio.

Face a este contexto, as empresas percebem de forma clara que este tem de ser um dos pilares das suas estratégias, em resposta a clientes muitos mais atentos e exigentes.

Negligenciar a área da sustentabilidade já deixou de ser uma opção para as empresas. E pode, não raramente, vir a constituir uma importante vantagem competitiva.