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O que é a Estagflação?

Definição de dicionário

O que é a Estagflação?

Estávamos nos anos 70 do século passado, quando um enorme choque petrolífero abalou a economia mundial. A cotação do barril de crude de então quadriplicou e o resultado foi uma recessão global e elevados níveis de desemprego.

Quase meio século depois, estaremos na iminência de regressar a um cenário de estagflação? Temos inflação, uma provável desaceleração no crescimento (embora ainda longe de um cenário de recessão) e níveis de desemprego no mundo ocidental e desenvolvido atualmente muito baixos.

A estagflação, recorde-se, consiste na coincidência, num mesmo período no tempo, de uma estagnação económica, de uma elevada inflação e de um desemprego elevado. Num cenário destes, em lugar de a inflação ser uma natural consequência de um crescimento económico acelerado, ocorre em simultâneo com uma recessão, residindo aí a razão de ser um contexto tão problemático.

Sendo certo que este é um cenário que ainda não se coloca, as opiniões divergem quanto à forma como tudo irá evoluir e, nesse sentido, alguns especialistas são mais pessimistas que outros quanto à possibilidade de a história se repetir outra vez, como há quase cinquenta anos. Parte da incógnita reside no facto de não ser possível, nesta fase, prever, por exemplo, quanto tempo vai ainda durar a guerra na Ucrânia, fonte principal do atual choque sobre a economia mundial.

Responsáveis como o governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, Mário Centeno, vieram recentemente dizer que o cenário de uma estagflação não é uma impossibilidade. Lá fora, a presidente do BCE, por exemplo, descarta um cenário de estagflação.

Vamos então por partes:

 

Um pesadelo chamado inflação

Das diferentes variáveis desta equação, a subida generalizada dos preços já não levanta dúvidas. Até porque, mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, este já era um cenário em cima da mesa que veio agora, infelizmente, agravar-se. O ‘gatilho’ para um aumento geral da inflação está nos preços da energia, que estão a disparar fruto do cenário de guerra vivido, com um impacto muito significativo em alguns setores da economia.

Em Portugal, apesar de tudo, é de esperar um impacto menor, comparativamente com os nossos pares europeus, uma vez que o comércio entre Portugal e os dois países envolvidos no conflito assume níveis reduzidos, da mesma forma que é igualmente mais baixa no que no resto da Zona Euro a dependência do gás natural russo.

Seja como for, falamos, por ora, de subidas dos preços da energia bastante inferiores às verificadas na década de 70.

 

Desemprego

Quando comparamos o momento atual com o que aconteceu nos anos 70 do século passado, é no desemprego que encontramos porventura as maiores diferenças já que este está em níveis historicamente baixos em boa parte das economias desenvolvidas.

 

Choque económico: depois de uma pandemia… um conflito armado

Numa altura em que a Europa se reergue de uma crise pandémica sem precedentes, está perante um novo embate, em resultado da invasão russa da Ucrânia. Por ora, os especialistas contam com uma desaceleração da economia europeia e não com uma recessão, até porque a recuperação que se tem vindo a observar com o esbater da pandemia ajuda a contrabalançar os efeitos negativos do atual conflito armado.

Em Portugal, por exemplo, a recuperação no turismo é já um facto incontestável, podendo também antever-se um efeito positivo no consumo e investimento. Mas há quem chame a atenção para o impacto em sentido contrário que poderá fazer-se sentir por força do abalo na confiança dos consumidores e empresas. Novamente em sentido contrário, é preciso ter em conta que os europeus acumularam, durante a pandemia, poupanças de mais de 800 mil milhões de euros, que agora serão úteis para alguma manutenção do poder de compra.

Por outro lado, Bruxelas já veio dizer que podem vir a ser repensadas as regras orçamentais para 2023, o que dará aos estados-membros uma maior margem de manobra no lançamento de medidas destinadas a mitigar este choque.

 

Numa coisa, todos parecem concordar. A evolução do cenário macroeconómico vai depender muito do tempo que a guerra irá ainda durar e da dimensão dos seus efeitos, nomeadamente por via das sanções que a UE e seus aliados tenham ainda de aplicar à Rússia, assim como de efeitos de ricochete que possam surgir, afetando o mundo ocidental.

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