Dinheiro e Poupança

Mudar de banco: o que importa para os clientes empresariais 

Antes de qualquer mudança, é fundamental que os clientes bancários tenham bem presentes as suas necessidades, o que esperam exatamente de um banco e de que serviços necessitam.

A mobilidade dos serviços bancários é uma possibilidade, atualmente até mais facilitada, mas não é propriamente algo que se faça com frequência ou de ânimo leve. Tanto para particulares como para empresas, mudar de banco não passa apenas por transferir uma conta à ordem, mas sim ter de acautelar todas as operações de pagamento associadas à mesma para que não se gerem entropias ou problemas. É através da conta bancária que se pagam rendas, prestações relativas a créditos contratados, débitos diretos, transferências periódicas, entre outros serviços. E é esta constatação que nos faz, não raras vezes, procrastinar a escolha de um novo banco, mesmo quando estamos muito insatisfeitos com o atual.

No entanto, para as empresas, esta é uma escolha de enorme importância se pensarmos que um banco tenderá a ser, em muitos casos, um verdadeiro parceiro de negócio e uma peça chave para que a atividade corra sem percalços. Quando se ausculta as empresas sobre o que as leva a mudar de banco, a qualidade do serviço prestado e o apoio ao negócio por parte da instituição financeira são especialmente valorizados, sendo os grandes motivadores de mudança em caso de descontentamento. Características como a celeridade, a proatividade na proposta de soluções e a transparência são consideradas fundamentais.

Absolutamente crucial é também o tema da confiança. Em stricto sensu, por um lado, já que é grande a responsabilidade de um setor como este sobre os seus clientes e depositantes. Mas não só. O banco com que uma empresa trabalha deve fazê-la sentir-se valorizada e apoiada no seu percurso de crescimento. Não é por acaso que um fraco atendimento ou a morosidade na resposta a pedidos feitos, nomeadamente a propósito de financiamentos solicitados, são pontos que, na perspetiva das empresas, nada jogam a favor dos bancos.

Particularmente para pequenas ou microempresas, a questão do financiamento pode ser determinante.  Os empréstimos e as linhas de crédito são essenciais para o crescimento da empresa. Depois, o banco deve saber explicar com clareza à empresa as opções de financiamento de que dispõe, para que esta perceba o que está em causa e possa, assim, fazer as escolhas mais acertadas.

Questões como a remuneração do capital, a oferta de benefícios ou o preçário das instituições também são tidas em conta pelos clientes, nomeadamente pelas empresas.

Importa ainda referir que a aceleração da digitalização e do recurso ao trabalho remoto trouxe novas necessidades às empresas, que exigem agora mais dos serviços digitais proporcionados pelos bancos. A perceção de um mau serviço prestado a este nível é cada vez mais um motivo para mudar.

As empresas esperam hoje que as instituições financeiras implementem e criem soluções de tecnologia e de automação que minimizem eventuais entropias e que facilitem ao máximo a vida às empresas e seus profissionais, por forma a que estes possam obter acesso instantâneo e fácil aos serviços financeiros no momento em que precisam.

Mudar de banco

Tanto o Banco de Portugal como os sites das instituições bancárias disponibilizam informação sobre o processo de mudança de banco. A quase totalidade das instituições bancárias assinou um compromisso já há vários anos para facilitar a transferência de contas à ordem, tendo como finalidade última permitir a tal maior mobilidade dos clientes bancários, fator fundamental para que exista, de facto, concorrência. As instituições bancárias comprometem-se a respeitar um conjunto de princípios por forma a não causar entropias no processo de mudança de banco, princípios esses que emanam de diretrizes adotadas a nível europeu.

Assim, está estabelecido que ambos os bancos (de origem e de destino) devem apoiar os clientes em todos os passos necessários à transferência de conta bancária à ordem e de operações como transferências a crédito de que o cliente seja beneficiário, ordens permanentes e autorizações de débito direto, transferência do saldo remanescente da conta origem e fecho da conta de origem, se aplicável.

O cliente pode, se quiser, ter como interlocutor exclusivo o banco para onde quer transferir a sua conta, ficando este com a responsabilidade de entrar em contacto com a instituição de origem para agilizar as mudanças necessárias. Ao banco de origem compete, por sua vez, fornecer todas as informações que permitam a passagem de tudo o que for necessário, transferir o saldo do cliente para o novo banco e conciliar a data de cancelamento das referidas ordens de transferência e débitos diretos com o retomar das mesmas na nova conta. O cliente (particular ou empresa) terá, para tal, de autorizar a transmissão de informação entre os dois bancos.

Para cada uma das etapas necessárias à mudança de banco, estão definidos os prazos limite de execução. Para além do referido compromisso de celeridade, está também estabelecido que nenhum dos bancos pode cobrar pela prestação de informação sobre os serviços de pagamento a serem transferidos ou, quando aplicável, pelo encerramento da conta no banco de origem. Acresce que os bancos devem ter disponível nos seus sites toda a informação relativa ao processo de mudança de conta.

Uma última nota para lembrar que, antes de qualquer mudança, é fundamental que os clientes bancários tenham bem presentes as suas necessidades, o que esperam exatamente de um banco e de que serviços necessitam. Assim, quando forem em busca de um novo ‘parceiro’ bancário, saberão melhor o que escolher e exigir do banco com quem trabalham.