Como os CFO estão a mudar com a tecnologia (Parte 2)
Pode ler a primeira parte deste artigo aqui.
A visão do CFO
Rachel Lawrence, CFO da Allied National Banks (Grupo AIB), esteve no evento CFO Rising para falar sobre a transformação da função financeira.
De acordo com Lawrence, os executivos financeiros têm muito a oferecer aos negócios mais amplos, mas precisam de tempo para construir essa influência. Sobre o assunto, disse o seguinte: “Passei uma boa parte do meu tempo a conversar com os clientes, o que nos dá uma boa ideia de qual é o nosso propósito, enquanto banco. Podemos esquecer-nos disso, se estivermos numa sala a fazer contabilidade ou a fazer o planeamento. O departamento financeiro tem uma larga experiência, que pode usar para educar os outros e apoiar todo o negócio. Somos bons em números e mantemo-los sob controlo. Com projetos de transformação, as empresas podem esquecer-se do que estão a tentar entregar. Temos a capacidade de lhes fornecer números básicos, o que pode ajudar as pessoas a manterem-se no caminho certo.”
Na CFO Rising também esteve presente Magdalena Markiewicz, diretora financeira da 1Rebel, uma empresa de fitness que possui várias academias em Londres. Ela acredita que os CFO têm um papel importante em guiar a transformação nas empresas, já que estão sintonizados na sua estratégia.
Markiewicz disse: “Muitas vezes, os CEO são puxados em muitas direções diferentes, lidando com a estratégia e a visão geral. As finanças são de uma importância crucial para ver como a estratégia está a traduzir-se em números e se está a resultar. Nós (CFO) estamos no lugar da frente para ver essa informação e devemos desempenhar um papel importante em guiar e iniciar a transformação. Temos uma melhor visão sobre isso do que muitas outras partes do negócio.”
Como os CFO podem promover mudanças
Embora os CFO estejam numa ótima posição para iniciar e impulsionar a mudança, isso não acontecerá necessariamente se tiverem pouco tempo ou forem marginalizados por outras partes da empresa, que podem não entender o benefício que as finanças trazem.
Lawrence aconselha os CFO a serem proativos e a “meterem o nariz”. Diz que se trata de ter uma certa mentalidade – tradicionalmente, as pessoas das finanças poderiam ter sido pensadas como “contadores de feijão”, por isso o trabalho delas era sair e influenciar.
Ela disse: “A razão pela qual eu vou ao encontro dos clientes é para ser vista não apenas como uma pessoa de finanças, mas como uma defensora do nosso negócio”.
Markiewicz acrescentou: “Vá ao encontro das suas equipas de operações e marketing e fale com elas. Quando entrei pela primeira vez na 1Rebel, o CEO disse que não queria que as pessoas das finanças fossem os silenciosos da sala ou se sentassem separados. O CEO queria que eu estivesse sentada com os outros e integrada na equipa, constantemente a falar, e a reunir com outros departamentos.”
Considerações tecnológicas para o CFO
Lawrence tem uma história considerável no setor bancário, tendo inicialmente trabalhado com start-ups e depois com organizações bancárias maduras. Para ela, a diferença de tecnologia entre os dois é enorme, e os bancos estabelecidos há muito tempo são assegurados pela tecnologia legada e por muitos anos de história.
Ela disse: “A automação pode ser difícil para os bancos, porque a tecnologia por trás deles não é tão sofisticada quanto se imagina. No entanto, a maioria das funções financeiras de tamanho razoável agora têm automação em termos de contas a pagar ou aprendizagem de máquina. Muitos dos grandes bancos estão a olhar para os processos repetitivos que se podem fazer com funções financeiras e atendimento ao cliente, e como a Inteligência Artificial (AI) se encaixa nessas tarefas. Também há a análise preditiva. As finanças devem despertar para o facto de que uma parte do que fazemos é repetitivo, e devemos adotar a tecnologia para lidar com isso. Isso permite-nos fazer muitas das coisas que gostamos de fazer, como acrescentar valor ao negócio. As finanças correm o risco de se tornar irrelevantes, se não aceitarem isso.”
Numa escala muito menor, a 1Rebel ainda está na infância, em termos de automação. Contudo, sendo uma empresa tão rica em dados, já está a atingir os limites do que o Excel pode fazer. Markiewicz disse que a 1Rebel está a olhar para outros sistemas e ferramentas, bem como para fornecedores que poderiam gerir esses dados.
Ela disse: “O nosso sistema de reservas para as aulas de fitness é feito por uma empresa nos EUA, que também é essencialmente uma start-up. Estamos a colaborar para que também possamos ajudá-los a melhorar os seus sistemas, o que nos ajudará a obter os dados certos.”
De start-ups a grandes empresas, a tecnologia capacita líderes de negócios (como o CFO) a impulsionar a mudança de uma maneira que simplesmente não era possível antes. Através de dados, os CFO podem apoiar o CEO, garantindo que as estratégias façam sentido e que o investimento seja colocado nos lugares certos. Nestes tempos económicos desafiantes, isso é mais importante do que nunca.