Crescimento de Negócio e Clientes

Tempos de incerteza e pandemia: áreas onde as empresas se devem focar

Atualmente vivemos uma época conturbada, de incerteza, uma época como poucos viveram. Passamos por uma pandemia como ainda não tínhamos visto.

Homem de negócios em fábrica

Atualmente, vivemos uma época conturbada, uma época como poucos viveram. Estamos a passar por uma pandemia como ainda não tínhamos visto. Os momentos são de incerteza e a sensação de impotência é enorme face a um vírus que não se vê, mas que se faz sentir a vários níveis: sociais, demográficos e económicos.

Enquanto humanidade e sociedade temos pela frente um verdadeiro wild card, sabíamos que uma pandemia podia acontecer, não sabíamos quando iria ocorrer e não estávamos preparados. A probabilidade era muito baixa, o impacto é extraordinariamente elevado. Vivemos com grandes níveis de incerteza, não sabemos as consequências, não sabemos a extensão dos danos, nas pessoas, na sociedade, na economia, nas nossas empresas, no mundo, só mesmo o tempo nos dirá.

« The two most powerful warriors are patience and time»

Liev Tolstói – Escritor Russo

Ainda não existe uma vacina para este vírus. As vacinas são uma forma de nos tornar mais fortes e tentar proteger contra agentes externos que contaminam e prejudicam o nosso corpo. Ao nível organizacional, estaríamos mais preparados e protegidos se tivéssemos tomado a vacina para esta época, essa vacina teria sido:

1) Forte gestão de risco alinhada com a estratégia,

2) Monitorização contínua do contexto interno e externo,

3) Utilização eficiente dos recursos humanos, físicos e financeiros.

Parecem verdades do Monsieur La Palice, no entanto, vejamos, ao nível do risco dever-se-ia no mínimo: 1) identificar e classificar os riscos, internos e externos; 2) medir e avaliar qual a sua probabilidade e o impacto; 3) como queríamos tratar os riscos, se os queríamos evitar, reduzir ou mesmo explorar a oportunidade e aceitar o risco; 4) criar um plano de comunicação e informação sobre os riscos para agir de uma forma atempada, quer operacional, quer estrategicamente.

Ao nível da monitorização contínua do contexto passava simplesmente por identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças e deste modo fazer-se-ia a ligação com a gestão de risco e com a estratégia definida. Já quanto à utilização eficiente de recursos passa por criar mecanismos de reutilização e partilha de recursos físicos (materiais e matérias primas), otimização de processos para evitar a duplicação de trabalho e aumentar a qualidade do que é produzido e finalmente ao longo do tempo criar uma almofada financeira para momentos críticos e inesperados como o que vivemos atualmente.

Contudo, temos de continuar a viver e se não nos preparámos para esta hecatombe, se não tomámos a vacina então temos de tomar o remédio. Temos de identificar quais os sintomas que nossa organização sente, como estamos a reagir e que medidas temos de tomar.

« It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent.
It is the one that is the most adaptable to change!»

Charles Darwin – Naturalista, Biólogo e Geólogo

“One size fits all” não existe, não há uma receita que sirva todas as empresas, de todas as indústrias. Cada caso é um caso e temos de ter em consideração os sintomas e a capacidade de reação à crise, financeira e operacional de cada empresa. No entanto, existem alguns princípios gerais que podem ajudar e devem ser usados avulso consoante o contexto e quando possível, sendo que o essencial é otimizar processos, pessoas e tecnologia.

  • Uma vez que um dos ativos mais importantes que as organizações têm são as pessoas, é determinante que as possamos proteger certificando, se possível, que possam trabalhar remotamente e assegurando que podem responder a todas as solicitações necessárias dos seus colegas e respetivos clientes. Sendo, para isso é determinante garantir que têm ao dispor os meios e a tecnologia para aceder aos sistemas à distância.
  • Uma vez a trabalhar à distância devem ser criados processos simples de gestão e monitorização do trabalho a desenvolver. Pode-se criar quadros virtuais por equipas com 3 colunas: 1) “por iniciar”, 2) “em curso” e 3) “concluído”, onde são identificadas as tarefas a desenvolver e os responsáveis por cada tarefa. Cada pessoa é responsável por descolocar as suas tarefas no quadro à medida que vai executando o que lhe foi atribuído. Desta forma é possível efetuar uma gestão operacional mínima à distância, onde os gestores definem e sabem o que está a ser feito e os colaboradores sabem o que lhes é atribuído para executar.
  • Devem-se desenhar e definir novas jornadas do cliente, criando processos mais simples e rápidos, onde é dada a primazia à comunicação entre o cliente e a organização.
  • Criar canais de comunicação abertos com o cliente de modo a perceber quais as suas necessidades, apresentar soluções de suporte e ainda como chegar ao cliente de forma segura mesmo em estados de emergência. Esta é uma forma de estabelecer laços de confiança e fidelidade entre cliente e fornecedor.
  • Desenvolver uma estratégia de contingência para a comercialização dos produtos e criar presença em canais alternativos, sejam presenciais ou online. É necessário perceber quais são os nossos produtos que melhor se comercializam, e se existem alguns que se possam comercializar com fins diferentes dos habituais, identificar oportunidades novas;
  • Anunciar e promover a presença em canais digitais utilizando a simplificação de processos apresentada anteriormente assegurando uma melhor experiência ao cliente e um claro fluxo de comunicação.
  • Identificar possíveis aliados e/ou parceiros de modo a poder partilhar custos operacionais e retirar vantagens imediatas.
  • Identificar novos fornecedores e distribuidores e negociar mecanismos de custos e lucros repartidos, além de otimizar os processos de distribuição e recepção de mercadoria.
  • Elaborar um exercício de planeamento por cenários a curto prazo de modo a identificar incertezas, tendências e possíveis oportunidades fruto do momento que vivemos.
  • Efetuar uma revisão do orçamento para o ano atual e preparar o orçamento do próximo ano tendo em conta as necessidades identificadas, os riscos e as oportunidades.

O remédio alivia os sintomas, dá espaço para respirar, cria alento e a esperança no futuro. Em momentos de exceção e de disrupção temos de fazer diferente, temos de criar novos modelos de negócio e arriscar. Temos de nos reinventar e acima de tudo temos de ser rápidos a agir.

O mercado está em declínio, o vírus está a espalhar-se e vai criar uma recessão, é determinante agir rápido de modo a conseguir perceber se as ações tomadas fazem efeito ou se temos de alterar as medidas que tomámos de modo a podermos sobreviver a este momento e quem sabe sairmos mais fortes de um momento impar na nossa história.