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A Transformação Digital na Indústria Alimentar e das Bebidas – Estudo IDC

A Indústria alimentar vive um dos seus momentos mais desafiantes: mão-de-obra escassa e com custos crescentes, matérias-primas mais caras, margens em quebra, rutura das cadeias de abastecimento e canais de venda, omnipresença das redes sociais e novas tendências de consumo: mais saudável, mais conveniente, orgânico, amigo do ambiente, local, entre outros.

Em simultâneo, os requisitos legais, de controlo de segurança alimentar e rastreabilidade de alergénios são o reflexo de uma Sociedade que exige cada vez mais transparência, controlo de qualidade e processos de fabrico sustentáveis a todos os produtores alimentares.

De facto, a pressão sobre esta indústria surge de diversos quadrantes, colocando-a sob o desafio permanente de antever necessidades e adaptar os seus processos e recursos em tempo recorde a estas exigências.

Felizmente, vivemos em simultâneo a era da 4ª Revolução Industrial, vulgarmente denominada por Indústria 4.0, que representa uma oportunidade única para as empresas redesenharem os seus processos e, desse modo, aproveitarem as novas tecnologias para darem uma resposta eficiente aos novos desafios. Internet of things (IOT), manutenção preditiva, sensores inteligentes, cloud, big data e inteligência artificial são apenas algumas das facetas deste furacão digital, que estão ao dispor das empresas.

Mas será que é assim tão simples redefinir processos e colocar estas novas tecnologias ao serviço da Indústria?

A herança tecnológica

Num estudo recente da IDC sobre o setor alimentar (pré-Covid-19), percebe-se que 40% das empresas estão reféns de sistemas de informação fragmentados, e tecnologicamente obsoletos, nos quais proliferam os desenvolvimentos específicos, aplicações externas com um reduzido nível de integração, e, como consequência, dados desatualizados, redundantes e de difícil interpretação.

Indústria Alimentar

A Transformação Digital na Indústria Alimentar e das Bebidas – Estudo IDC

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Mulher em restaurante

Nestas empresas, o ERP serve pouco mais do que as necessidades de gestão financeira. Qualquer alteração aos sistemas de informação é complexa, arriscada e com um custo elevado, dificultando a evolução do sistema e da Organização como um todo.

A tecnologia é apenas um vértice de um triângulo no qual Pessoas, Processos e Tecnologia devem estar alinhados. Quando isso não acontece, a dificuldade em obter dados e indicadores de negócio completos e em tempo útil, impede que se tomem decisões e respostas rápidas, gerando ineficiências ao longo de toda a cadeia de valor. Em última instância, serão os consumidores a penalizar a empresa, pela falta de capacidade de resposta às suas exigências de transparência e sustentabilidade.

Quando os processos empresariais não estão sustentados em sistemas e tecnologias de informação consistentes, a adoção de novas tecnologias pode, inclusivamente, ter efeitos contrários aos desejados, gerando caos e ainda mais ineficiência. E é nesse momento que se percebe que, por vezes, os processos de evolução incremental deixam de funcionar, sendo necessária uma revolução e reformulação dos pilares tecnológicos da empresa.

O que muda com o Covid-19?

Esta pandemia está a antecipar muitas mudanças que já estavam em curso e outras que ainda se encontravam numa fase embrionária e que ganharam novo sentido perante uma crise sanitária sem precedentes na nossa geração. Na verdade, a história parece mostrar que grandes eventos globais, como guerras e pandemias, não criam novas tendências, mas aprofundam e aceleram as existentes – a Indústria 4.0 é um caso paradigmático.

O impacto provocado pelo Covid-19 colocou a nu as fragilidades dos modelos de negócio de algumas empresas e dos sistemas e tecnologias de informação que os sustentam, obrigando-as a um salto tecnológico de 10 anos, se quiserem sobreviver no novo contexto socioeconómico que emergirá desta crise.

Os argumentos da Indústria alimentar 4.0

As empresas mais bem preparadas serão aquelas que dispuserem de um Sistema de Informação Inteligente, capaz de processar, analisar e atuar sobre grandes volumes de dados gerados pela IOT, em tempo real. Com a IOT, a multiplicidade de dispositivos e equipamentos conectados em permanência, desde o chão de fábrica até aos pontos de distribuição e venda permitirão a recolha imediata de dados tão diversos como preferências de consumo ou ocupação de recursos produtivos, que, em última instância, poderão suportar decisões mais atempadas e informadas.

Neste sistema, o ERP será um instrumento fundamental na gestão dos processos empresariais e na criação de transparência na cadeia de abastecimento, garantindo controlo total da qualidade e rastreabilidade alimentar. Numa lógica de melhoria contínua, estes sistemas estarão em mutação permanente, tendo em vista uma experiência de utilização superior afinações aos processos suportados.

A robotização e automação de processos repetitivos, de reduzido valor acrescentado, permitirá libertar recursos para outras tarefas e processos, onde o fator humano é indispensável à criação de valor para a empresa.

Outras aplicações tirarão partido dos dados e processos suportados pelo ERP, tais como Manufacturing Execution Systems (MES), sistemas de planeamento operacional ou manutenção preditiva, suportados em tecnologias que flexibilizam a o planeamento e gestão da produção.

Nos processos de tomada de decisões estratégicas, a aplicação de Inteligência Artificial, Machine Learning e Analítica Avançada sobre os dados obtidos permitirá obter previsões mais assertivas sobre os comportamentos dos consumidores, descobrir oportunidades e mitigar riscos. A capacidade de antecipação passa a ser uma vantagem competitiva única na empresa, que pode atuar de forma mais proativa do que reativa, realocando os seus recursos e esforços de forma mais incisiva e confiante.

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O caminho

O nível de maturidade e adoção tecnológica é altamente variável de empresa para empresa, pelo que não há uma receita única para colocar as novas tecnologias ao serviço dos interesses da empresa.

Cada empresa deve efetuar uma avaliação rigorosa do estado atual dos seus sistemas e tecnologias de informação, nomeadamente da sua escalabilidade e facilidade de integração com as novas tecnologias e aplicações empresariais.

Os resultados dessa avaliação, combinados com as prioridades estratégicas da empresa, servirão para indicar o caminho: evolução ou revolução tecnológica.