Crescimento de Negócio e Clientes

Como reativar o seu negócio de restauração

Se há setor que sempre soube o que era fazer negócio com esforço, muito trabalho e volatilidade, é o da restauração. Ainda assim, nenhum setor de atividade foi preparado para tempos como os que hoje atravessamos. Mas poucos foram tão afetados como este.

O caminho não tem sido – e não será – fácil, mas há recursos e estratégias disponíveis que podem ajudar a tornar este caminho menos tortuoso.

No momento de reativar o seu negócio, é importante ter em atenção os instrumentos que existem para fazer face aos desafios a nível financeiro que a quebra de negócio veio colocar. E, em lugar de suspirar por um regresso a uma normalidade que tão cedo não vai voltar, o segredo está agora em pensar em como vingar e aprender a viver neste novo e estranho mundo. E é bem possível que, no dia que esta pandemia chegue finalmente ao fim, tenha em mãos um negócio bem mais sustentável, inovador e pronto para tirar partido da recuperação da atividade que há de acabar por chegar.

Financiamento e gestão de tesouraria: soluções do setor bancário

Entre os vários atores do mercado, a banca é um dos que tem apresentado soluções para fazer face às adversidades na gestão dos negócios por força da atual pandemia. Para além do seu papel de intermediário entre os empresários e as diferentes linhas ‘Covid-19’ criadas pelo Governo, todos os bancos, em maior ou menor escala, desenvolveram produtos e soluções para fazer face às necessidades de financiamento e tesouraria decorrentes do atual contexto.

É verdade que, se antes da pandemia já não era fácil obter crédito junto da banca, não é agora que as coisas vão melhorar. Mas também é verdade que os bancos continuam a precisar de fazer negócio e que não têm interesse em deixar que o volume de crédito malparado se descontrole.

Entre moratórias de crédito, isenção pontual no pagamento de algumas comissões e linhas de crédito, é importante perceber o que há disponível. Alguns bancos têm também períodos de carência de rendas no leasing ou a prorrogação do prazo de vencimento dos avisos de pagamento no confirming, assim como dos prazos de pagamento das faturas no factoring. Há bancos a suspender ou isentar o pagamento de comissões nos meios de pagamento e outros a criar linhas de conta corrente para apoio aos pequenos negócios. Depois, e a propósito das linhas de crédito estatais, algumas instituições estão a fazer adiantamentos de parcelas do montante a receber pelas empresas para disponibilização de liquidez mais rápida, sem ter de esperar pela ‘luz verde’ das entidades públicas.

No que às moratórias de crédito diz respeito, há bancos que disponibilizam moratórias, chamadas ‘de iniciativa privada’, que se destinam exclusivamente a pessoas singulares, mas em que os empresários em nome individual podem ser abrangidos. Há depois o regime público de concessão de moratórias – cujo prazo o Governo decidiu recentemente alargar, até 31 de março de 2021 – e que abrange todas as empresas independentemente da sua dimensão que tenham tudo quebras de atividade e receitas em resultado da pandemia. Ambas podem fazer sentido para, enquanto reativa a sua atividade, ter um tempo para respirar.

Tenha atenção, claro está, aos custos associados a estes vários ‘balões de oxigénio’. Mas há outros caminhos possíveis.

As linhas de apoio do Governo e de Bruxelas

Existem atualmente várias linhas de apoio à economia, com fundos comunitários, lançadas em resposta aos efeitos na atividade das empresas onde a restauração, um dos setores mais fustigados pela pandemia, é contemplada.

Uma das linhas em vigor é a de apoio a micro e pequenas empresas, em que o montante máximo de apoio a conceder, por microempresa, é de 50 mil euros e, para as pequenas empresas, de 250 mil euros. O apoio destina-se a fazer face a necessidades de tesouraria, em negócios que registaram grandes quebras de faturação em resultado da pandemia. Há depois uma específica para a restauração e similares.

As condições são, por regra, mais favoráveis do que as verificadas nas fontes de financiamento mais tradicionais, ainda que os montantes dos apoios tenham um teto e os requisitos sejam bastante específicos. Tanto através do IAPMEI como da própria AHRESP é possível saber em pormenor que opções estão disponíveis e como lá chegar.

COVID-19. As alterações legislativas de apoio às empresas portuguesas.

- Alargamento de prazos de entregas de documentos, de pagamentos, de entrada em vigor de legislações, de inspeções, entre outros;
- Simplificações de regimes;
- Suspensão de processos.

Faça download do Infográfico

Incentivo Extraordinário à Normalização da Atividade Empresarial

Se recorreu ao chamado regime de lay-off simplificado (que permitia reduzir ou suspender por completo a atividade, mantendo postos de trabalho, suportando a Segurança Social a principal fatia dos ordenados), pode concorrer ao novo sistema de apoios que, em agosto, substituiu o anterior. O incentivo extraordinário à normalização da atividade empresarial estará em vigor até dezembro e permite reduzir horários – mas não suspender contratos de trabalho – a quem tenha registado quebras de, pelo menos, 40% da faturação.

Este incentivo financeiro extraordinário tem por objetivo, terminada a aplicação do layoff simplificado ou plano extraordinário de formação, apoiar a normalização da atividade. É prestado um apoio de uma retribuição mínima mensal garantida (635 euros) por trabalhador. É o Instituto de Emprego e Formação Profissional quem está a gerir as candidaturas e concessão destes novos apoios.

Há depois um conjunto de medidas fiscais (ou relacionadas com as contribuições sociais) que foram tomadas para flexibilizar o calendário de pagamentos a efetuar, com fracionamentos, suspensão temporária de pagamentos por conta, alargamento de prazos para entrega de declarações, entre outras iniciativas.

Nestes tempos difíceis, todas as ajudas são bem-vindas e é fundamental nesta altura estar a par das ferramentas potencialmente disponíveis.

A estratégia uma reativação bem sucedida

À parte a resposta a dar às necessidades financeiras mais prementes, há que ter uma estratégia para que a reativação do seu negócio de restauração aconteça com sucesso. O grau de ‘reinvenção’ do negócio dependerá, evidentemente, de cada caso concreto, mas dificilmente alguém ficará tal e qual como estava antes da pandemia.

Melhorar e atualizar formas de funcionamento, trazer os clientes de volta aos restaurantes, ajustar o produto às novas necessidades dos consumidores e aperfeiçoar as entregas ao domicílio e take away são eixos a ter em conta antes de regressar ao mercado.

Mais do que nunca a experiência do cliente – seja no restaurante, seja via entrega ao domicílio – tem de ser irrepreensível. Numa altura em que muitas pessoas ainda se coíbem de regressar aos velhos hábitos de consumo – seja por receio de contágio seja porque estão apreensivos quanto ao embate económico da pandemia – trazer clientes de volta implica proporcionar-lhes uma experiência com qualidade.

Otimizar o seu serviço de entrega implica, do ponto de vista do cliente, prestar um ótimo serviço, e do ponto de vista do negócio da restauração, torná-lo o mais eficiente possível. Ainda que o pico das encomendas online tenha ocorrido durante o confinamento, dificilmente se voltará tão cedo ao antigamente. Quer porque a pandemia está para durar, quer porque há hábitos que mudaram, quem sabe de vez. Assim, em vez de ambicionar o ‘business as usual’ do passado, o foco deve estar no aproveitar deste momento para inovar e preparar o futuro.

Quanto ao resto, é certo e sabido que as pessoas não vão deixar de querer ir comer fora, que os turistas voltarão e que os bons restaurantes, profissionais e com qualidade, terão sempre maior probabilidade de serem bem-sucedidos.