Tecnologia e Inovação

O que nos reserva o Futuro: Tendências certas em momentos de incerteza

As questões que se impõem nos dias que correm são tão simples como: O que posso fazer para tornar o futuro menos incerto? Como me posso preparar...

As questões que se impõem nos dias que correm são tão simples como: O que posso fazer para ultrapassar este clima de incerteza? Como me posso preparar para enfrentar o futuro? Como será o futuro? Será que estou preparado?

Uma coisa é certa, sejam pequenas, médias ou grandes empresas, todas elas sofrem com a certeza que se encontram num clima cada vez mais incerto, mais volátil, mais desequilibrado e claramente conflituoso.

Todas as forças que rodeiam as organizações são influenciadas por este clima de incerteza constante, o que leva os gestores a necessitarem de perceber quais as tendências que moldam o futuro. Assim ficam preparados para adaptar as suas organizações, reduzindo o risco, aumentado a sustentabilidade e a competitividade no mercado.

Pensar o futuro e encontrar tendências é uma atividade metódica e essencial para a definição de estratégias empresariais. Não é uma atividade de grandes empresas, bem pelo contrário, pensar o futuro, encontrar alternativas, delinear objetivos e traçar planos estratégicos e operacionais é determinante para o sucesso de qualquer empresa.

Por esse motivo, apresento algumas forças e tendências que vão moldar o mundo na próxima década e que devem ser consideradas na estratégia de qualquer organização, seja ela local, nacional ou internacional.

“The best way to predict the future is to create it”

Peter Drucker – Professor e escritor de Gestão

As tendências aqui apresentadas, sociais, económicas ou tecnológicas, são fortes e com certeza que de uma maneira ou de outra, vão fazer parte do nosso dia-a-dia:

  • Envelhecimento da população mundial: prevê-se que, dentro de 4 anos, 10% da população mundial tenha uma idade superior a 65 anos. Este aumento demográfico global trará desafios e oportunidades económicas e sociais. O mundo terá de se preparar para criar serviços e bem-estar a uma população envelhecida.

O envelhecimento da população criará necessidades e oportunidades ao nível:

Mobilidade: alternativas de mobilidade como transportes comunitários; serviços e/ou plataformas de transporte individual em veículos descaracterizados (Uber,Cabify, outros); automóveis autónomos.

Smart Living: incremento da procura de casas equipadas com sensores que permitam aumentar a segurança e a qualidade de vida de pessoas seniores.

Suplementos alimentares: esta tendência de envelhecimento aumentará a procura por produtos que permitam envelhecer com mais energia e proteção do organismo contra: 1) as agressões do meio ambiente e 2) do envelhecimento natural das células.

Turismo: existirá uma procura superior para viajar por parte de turistas seniores, o que deverá ser complementado com serviços especiais adequados, tratamentos físicos e alimentação saudável.

  • Mulheres como força de trabalho e consumo: aumento significativo da força de trabalho global feminina irá proporcionar a independência das mulheres e consequentemente o aumento do seu poder económico e financeiro. Com esta tendência espera-se que surjam novas ondas de consumidoras femininas com exigências específicas e que necessitam de diferentes estratégias para a comercialização de produtos/serviços face às estratégias atuais.

A tendência mundial de mulheres como consumidoras apresentará necessidades ao nível:

Retalho: necessidade de entregar rapidamente produtos através de drones; criação de opções de pagamentos adequadas às necessidades femininas.

Mobilidade: funcionalidades de Inteligência artificial em automóveis autónomos com características de segurança adicionais; serviços personalizados para mulheres em plataformas de transporte (Uber, cabify, outros).

Turismo: malas inteligentes; quartos de hotel inteligentes com opções de segurança; robôs assistentes.

Finanças: empréstimos digitais instantâneos; micro créditos instantâneos; serviços fintech inovadores adequados à procura e exigência do estatuto da mulher.

  • Conectividade e convergência tecnológica: o mundo cada vez mais tecnológico e conectado através de diferentes tipos de dispositivos, continuará a permitir uma conectividade cada vez maior, a todo o momento e em qualquer lado, seja vídeo, voz ou serviços de dados. A tecnologia 5G e 6G permitem que se possam conectar milhões de dispositivos por quilómetro quadrado.

Algumas das implicações do 5G e da conectividade no futuro são:

Automóveis conectados: diagnóstico de automóveis em real-time; comunicação entre veículos (como avisos de segurança e informações de tráfego, podem ser eficazes para evitar acidentes e congestionamentos no trânsito); atualizações de software OTA (over the air), sem necessidade de levar o automóvel a uma oficina.

Vida conectada: edifícios inteligentes conectados; sistemas de segurança e monitorização.

Indústria: processos de controlo industrial de logística e controlo de qualidade; manutenção preditiva e preventiva.

Smart Cities: ligação entre sensores; monitorização de trafego; monitorização e segurança da população; Captura e armazenamento de informação sobre características do ar.

  • Veículos conectados: automóveis ou camiões conectados e equipados com conectividade 5G, permitirão a comunicação entre o veículo e qualquer outro dispositivo (V2X). Esta será uma tendência que marcará uma nova geração na mobilidade de pessoas e bens. O ecossistema de conectividade de veículos passa por áreas como Navegação, Mobilidade, Saúde e bem-estar, Comercial, infraestrutura, telemática, e info-entretenimento.

Os veículos conectados são e serão uma realidade que trará necessidades, desafios e oportunidades nas seguintes áreas:

Saúde: sistemas de assistência automáticos; monitorização de saúde do condutor e passageiros; deteção de fadiga.

Seguros: comunicação de dados às seguradoras sobre o comportamento de condução do condutor.

Cibersegurança: cryptografia; deteção de anomalias; scanning de segurança; implementação de firewalls.

Serviços: manutenção remota; identificação de necessidade de manutenção antecipada; otimização de rotas.

  • Monetização de dados: com o aumento exponencial de plataformas tecnológicas, a conectividade e o desenvolvimento da internet das coisas (IoT), as bases de dados das organizações têm cada vez mais dados para poderem ser trabalhados e consequentemente criarem conhecimento sobre o seu comportamento. Este tipo de análise será efetuada em massa e permitirá às empresas venderem informação trabalhada e originarem lucro sobre os dados coletados.

As implicações ao nível da monetização de dados trará necessidades, desafios e oportunidades nas seguintes áreas:

Geral: monitorização de eficiência operacional; previsões de lucros; preços baseados em padrões e utilização.

Retalho: criação de campanhas de marketing online; promoções em tempo real; obter uma visão de 360º sobre os clientes; análise de fluxos e padrões.

Serviços financeiros: identificação de padrões e utilização para gestão de risco; deteção de fraude.

Automóvel: seguros baseados na utilização; manutenção preditiva; carros conectados.

Saúde: monitorização personalizada da saúde; telemedicina; cuidados de saúde personalizados.

“The future belongs to those who see possibilities
before they come obvious”

Jonh Sculley – Ex-presidente da PepsiCo

Existem tendências e projeções que são mais certas e outras que são mais incertas, portanto, quando se prepara o presente e o futuro das organizações é determinante que: 1) se identifique as tendências e incertezas, 2) se defina o grau de risco e importância para a organização, 3) se liste um conjunto de ações para mitigar as incertezas ou criar oportunidades, 4) se operacionalize as ações e 5) que se faça a monitorização da implementação estratégica das opções tomadas.

Estas são algumas das tendências que fruto dos desenvolvimentos sociais, económicos e tecnológicos têm ocorrido e moldado o nosso presente, são tão fortes e já tão implantadas no contexto mundial que farão, com certeza parte do nosso futuro. Por esse motivo, quando planeamos e definimos objetivos para as nossas organizações, devemos ter em consideração:
1) as tendências, 2) as possibilidades e 3) as alternativas que influenciam a nossa organização. Quando pensamos o futuro, temos de olhar para o passado e tomar as ações preventivas no presente para que estejamos preparados e possamos minimizar todas as incertezas, volatilidades, desequilíbrios e conflitos que possam surgir.