Crescimento de Negócio e Clientes

Quem são os e-shoppers em Portugal

Há um antes e depois da pandemia no que diz respeito às compras online. Ainda que, depois dos confinamentos, parte importante dos consumidores tenha regressado, pouco a pouco, às lojas físicas, sabemos que alguns hábitos ficaram entranhados, sendo o e-commerce um mercado em franco crescimento. Cada vez mais teremos o chamado modelo híbrido de consumo, em que os indivíduos conjugam as compras na Internet com a ida às lojas físicas, de acordo com as suas necessidades e conveniência.

No ano passado, houve uma ligeira descida do número de consumidores online, assim como dos e-shoppers regulares, mas o volume de comércio online continua em níveis substancialmente acima do período pré-pandemia.

No entanto, e apesar da enorme adesão ao e-commerce, os portugueses continuam a usar este canal em muito menor escala do que muitos outros europeus. Os dados do Eurostat relativos ao ano passado revelam que um quarto dos portugueses nunca fizeram compras online. Portugal ocupa o 21º lugar na União Europeia quanto à percentagem de pessoas que comprou online nos últimos 3 meses.

As últimas estatísticas mostram ainda que perto de 70% dos consumidores portugueses pesquisam primeiro na Internet antes de adquirir um produto, independentemente do canal onde o vão depois efetivamente comprar. Tal é revelador do potencial existente de captação de negócio para o e-commerce.

Passados mais de dois anos sobre o eclodir da pandemia, quem são, então, os e-shoppers portugueses? O que compram? Quais as suas necessidades e preferências?

O que move os e-shoppers portugueses

Começando pelo que leva os consumidores a comprar online, o preço destaca-se claramente como o motivo principal e mais determinante nas escolhas de consumo, revelam os diversos estudos que têm caracterizado o perfil do consumidor português. Os e-shoppers portugueses continuam a ser os mais sensíveis ao preço face aos restantes europeus, com 7 em cada 10 a referir o preço como indicador prioritário das suas decisões.

O brutal aumento do custo de vida originado pela invasão da Ucrânia ainda aumentou mais a relevância do preço dos produtos e uma das características dos e-shoppers regulares portugueses é o facto de estarem permanente em busca de bons negócios. Por outro lado, estão mais exigentes e esperam cada vez mais das marcas.

Depois do fator preço, campanhas e promoções, a conveniência é um dos grandes atrativos do e-commerce, sendo que cada vez mais portugueses escolhem o telemóvel para o fazer. Em termos europeus, Portugal está mesmo à frente de países como a Bélgica, Alemanha ou França, sendo o oitavo país em que mais se prefere o smartphone para fazer compras online.

Outra vantagem das compras online é, para os e-shoppers portugueses, o facto de poderem contar com ferramentas como os motores de busca e os marketplaces. Facilitam o acesso às diferentes ofertas disponíveis e a comparação de preços.

Depois, quando se trata de escolher as marcas da sua preferência, os consumidores valorizam: poder escolher entre diferentes métodos de pagamento e entrega; políticas de devolução atrativas; informação transparente e completa sobre o produto e restantes condições de compra; marcas que trabalhem com operadores de logística e de entrega de qualidade; e o feedback de outros clientes.

A vasta maioria dos e-shoppers é leal a determinados sites, ainda que possam variar ocasionalmente. Questões como a existência de apenas um método de pagamento, uma navegação pouco intuitiva, bugs frequentes, dificuldades no upload de vídeos ou dúvidas quanto à proteção de dados e segurança dos pagamentos afasta muitos clientes.

Por outro lado, o que continua a levar tantos consumidores a privilegiar lojas físicas são fatores como a preferência pelo contacto pessoal, preocupações com a segurança dos pagamentos, hábitos enraizados, a possibilidade de verem os produtos ao vivo e a fidelidade a determinadas lojas e colaboradores das mesmas.

Radiografia dos e-shoppers portugueses

Sem surpresas, são os mais jovens os maiores utilizadores das compras online. Têm até 35 anos, preferem comprar na Internet a ir a lojas físicas e o e-shopping já faz parte das suas rotinas. O recurso ao e-commerce tem vindo também a crescer entre os consumidores com idades compreendidas entre os 45 e os 54 anos. Já em termos de género, estima-se que perto de 65% dos homens e mais de 58% das mulheres façam compras online.

De referir ainda que, para além da idade e género, os e-shoppers são também consumidores que recorrem cada vez mais às compras em segunda mão. Cada vez mais dão uma segunda vida a bens de consumo, quer comprando, quer vendendo. O principal motivo é o custo, mas as questões ambientais e de sustentabilidade estão também entre as razões que levam os portugueses a escolher esta via de consumo.

O que compram

O vestuário e o calçado são os produtos que os e-shoppers portugueses mais adquirem. Nos lugares de topo estão depois bens como equipamentos informáticos e eletrónicos, os livros, os produtos de cosmética e higiene, material de desporto, refeições prontas, utensílios para o lar ou eletrodomésticos. Produtos como os frescos também são adquiridos online, ainda que fatores como a impossibilidade de verem os produtos antes da compra ou o receio de falta de frescura e qualidade do produto retraiam muitos consumidores.

Já se pensarmos na contratação de serviços na Internet, uma das áreas mais requisitadas está relacionada com tudo o que está relacionado com viagens e estadas, tanto em lazer como por motivos profissionais. Cada vez mais se compra online bilhetes de transporte e serviços de alojamento. Também a compra de bilhetes para eventos culturais e outros tem vindo a crescer bastante.

Não há empresa que não saiba quão importante é apostar no e-commerce como forma de manter a competitividade, chegar ao maior número de consumidores possível e poder oferecer aos clientes métodos variados de consumo. Para que as marcas saibam quais as estratégias mais eficazes para ‘vencer’ no mundo do comércio eletrónico, é fundamental conhecer os seus utilizadores. Perceber o que valorizam, como se comportam e que necessidades têm, fará toda a diferença na sustentabilidade e expansão de muitos negócios.