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Cidades Inteligentes: o presente e o futuro passam por aqui

Até 2030, e de acordo com a ONU, cerca de 60% da população mundial viverá em centros urbanos e, até 2050, chegar-se-á aos 70%, sendo que, nos países desenvolvidos, a percentagem deverá ultrapassar nessa altura os 85%.

Ao mesmo tempo que a densidade populacional nas cidades aumenta, a revolução digital corre a todo o gás. Ora, o conceito de ‘smart cities’ – cidades inteligentes – surgiu precisamente da necessidade de, tirando partido das tecnologias da informação e comunicação (TIC), responder aos atuais desafios dos centros urbanos. Não só em termos de sustentabilidade ambiental como de reforço da qualidade de vida dos cidadãos que neles habitam. Cidadãos esses que são hoje um público muito mais exigente quanto ao que esperam das suas cidades.

O mundo enfrenta uma crise ambiental de enormes proporções, aliada a uma escassez crescente de recursos, tendo as cidades um papel absolutamente chave na resolução destes problemas.

Neste contexto, a inteligência artificial e as tecnologias da informação são ferramentas preciosas em áreas como a otimização dos recursos naturais, a redução dos gastos energéticos, a melhoria da eficiência do serviço prestado pelo Estado aos munícipes, a promoção de uma mobilidade inteligente nas cidades (que privilegie os transportes não poluentes e consiga uma melhor gestão do tráfego automóvel, por exemplo) e para, de uma forma geral, se conseguir uma melhor qualidade de vida para os cidadãos.

A grande matéria-prima das ‘smart cities’ são porventura os dados, a informação. As TIC permitem dar corpo a uma infraestrutura de conhecimento que serve de pilar fundamental à implementação das cidades ditas inteligentes. Através de ferramentas como sensores, sistemas de monitorização, redes sem fio ou dispositivos móveis, entre tantas outros, é hoje possível aos municípios uma recolha de dados com um elevado grau de eficiência e uma cadência impensável há alguns anos atrás. Este acesso à informação permite desenvolver soluções que respondam melhor aos problemas atuais – sociais, ambientais, e económicos – das cidades, que proporcionem serviços urbanos com maior qualidade e um envolvimento maior com os cidadãos e destes com os municípios.

 

Em que se traduz esta nova filosofia de gestão urbana?

Cada cidade terá as suas necessidades, daí dependendo, por isso, a escolha das melhores soluções. Mas, independentemente das características de cada uma, todas beneficiam de uma boa análise da informação sobre onde e como estão os recursos a ser consumidos, por exemplo, para que se trabalhe na melhoria da gestão dos mesmos, quer por parte das autarquias, quer por parte dos cidadãos e empresas que ali operam. Outro exemplo são os benefícios que uma gestão coordenada dos dados pode ter numa visão mais holística das necessidades dos munícipes e, consequentemente, numa maior eficácia das respostas.

De forma mais palpável e a título ilustrativo, têm vindo a ser criadas em cidades um pouco por todo o mundo (maioritariamente em países desenvolvidos) soluções como os sistemas inteligentes de controlo do tráfego automóvel, de carregamento elétrico, de gestão do estacionamento, de gestão inteligente de semáforos – que reagem a mudanças nos fluxos de trânsito – ou de incentivo à troca do automóvel por outros transportes.

Um caminho que se constrói em várias frentes

De acordo com a Comissão Europeia, as cidades inteligentes devem, desejavelmente, abranger várias componentes. No que diz respeito ao e-government, devem estar previstas soluções para uma maior eficiência administrativa e de otimização de funções

Ao nível do tecido empresarial, devem ser criadas condições para uma produção mais eficiente e um mercado de trabalho mais flexível. Nos transportes, devem ser fomentadas soluções verdes e limpas, eficientes quer do ponto de vista ambiental quer financeiro.

As cidades inteligentes devem ainda englobar, do ponto de vista ambiental, soluções de monitorização da poluição e de gestão de águas e resíduos, obras inteligentes e edifícios inteligentes em termos de consumo energético, entre outras. No que diz respeito ao papel dos cidadãos, devem promover-se sociedades de informação aberta e participativa, com uma dinâmica e comunicação fludas entre os diferentes ‘atores’ que normalmente integram os centros urbanos.

Por último, Bruxelas lembra ainda que as soluções encontradas devem ter como fim último a melhoria qualidade de vida de quem nas cidades habita, quer em termos de consumo, estilo de vida, segurança e saúde.

A crescente urbanização do mundo, juntamente com a digitalização, tornam a temática das ‘smart cities’ uma realidade cada vez incontornável. É preciso assegurar habitação, segurança, mobilidade, saúde e educação aos cidadãos, ao mesmo tempo que se procura minimizar a pegada ecológica das cidades e de quem nelas vive ou trabalha. E permitir que sejam ambientes mais inclusivos e mais capazes de apoiar e cuidar dos seus cidadãos. Com a ajuda do conhecimento digital.

Este é, certamente, um dos grandes desafios que as sociedades terão de enfrentar nas próximas décadas, no pressuposto de que há que, cada vez mais, ter uma postura ativa, que atue preventivamente e antecipando os riscos e problemas que hão de vir.