Dinheiro e Poupança

Banca: Rumo a uma gestão mais eficiente dos custos

Nesta busca por uma maior eficiência, as poupanças de custos podem ser obtidas em diferentes áreas, caso do controlo dos custos do capital, do recurso às novas tecnologias, da externalização de tarefas ou da otimização da força de trabalho.

Guerra, inflação, instabilidade económica, subida das taxas de juro, interrupções nas cadeias de abastecimento e perturbação geopolítica. Depois da tempestade que foi a crise financeira, a banca tinha recuperado alguma tranquilidade. A pandemia, há quase três anos, quebrou a bonança e, no ano passado, a invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe uma ‘nuvem negra’ de incerteza como há muito não se vivia.

É este o cenário que o mundo, sobretudo o ocidental, vive desde 2022. Pela sua enorme interdependência com a economia, a banca sofre os efeitos destes tempos tão turbulentos.

A solução passa, inevitavelmente, por agir no sentido de aumentar a resiliência dos bancos e o seu nível de competitividade e eficiência. Nesse sentido, o controlo dos custos é um ingrediente absolutamente fundamental. Não só para compensar eventuais pressões sobre as receitas, mas também para garantir que estas instituições têm uma estrutura flexível e com boa capacidade de ajuste face a imprevistos. Em momentos como o atual, é da maior importância que o setor bancário esteja mais preparado para aguentar os choques e as oscilações de contexto, seja a nível geopolítico, económico ou social. Bancos mais resilientes e que saibam, ao mesmo tempo, reinventar os seus modelos de negócio, tenderão a enfrentar o período atual com melhores resultados.

No Velho Continente, é o próprio Banco Central Europeu (BCE) quem tem sublinhado a importância, nesta altura, de os bancos se manterem focados num reforço dos seus níveis de eficiência operacional. O regulador veio recentemente afirmar que os bancos têm, apesar de tudo, sido capazes de resistir eficazmente ao impacto económico da invasão da Ucrânia, graças à sua crescente solidez de capital e liquidez. Mas lembrou que, enquanto a guerra prosseguir, a pressão irá subsistir, sendo por isso necessário que o setor continue a trabalhar na redução das suas fragilidades e no reforço da sua resiliência.

Nesta busca por uma maior eficiência, as poupanças de custos podem ser obtidas em diferentes áreas, caso do controlo dos custos do capital, do recurso às novas tecnologias, da externalização de tarefas ou da otimização da força de trabalho (seja por via dos cortes de pessoal ou de uma melhor alocação e rentabilização de recursos).

A importância do digital

O digital – outra bandeira do BCE – está claramente entre as prioridades deste setor. E, sim, constitui um veículo de potenciais poupanças de custos e aumento da eficiência na gestão. Mas não só. Nos dias que correm, a digitalização é fundamental para que qualquer banco se mantenha competitivo. Não só face à sua concorrência, mas também em relação a novos players como as Fintech. Até porque, numa altura em que se sabe que os clientes valorizam cada vez mais a experiência de consumo – seja de bens ou de serviços -, ter uma oferta tecnológica de qualidade é absolutamente essencial na fidelização e rentabilização de receitas por cliente. Constitui, assim, uma ferramenta fundamental para impulsionar a geração de receitas e o crescimento destas instituições.

A conjugação destes diferentes fatores e potenciais benefícios está a fazer também com que alguns bancos estejam não a cortar custos no seu todo, mas sim a deslocar recursos financeiros de outras fontes de despesa para os gastos em tecnologia. Em algumas instituições é mesmo possível observar quase uma correlação exata entre o volume de corte nos custos operacionais e o aumento do investimento em tecnologia. Ou seja, os bancos entenderam há muito que esta é uma área onde é obrigatório apostar e onde o retorno, mais tarde ou mais cedo, tenderá a chegar.

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A escala como estratégia

Não é a primeira vez – nem será certamente a última -, que, em momentos de crise, se dão movimentos de consolidação. A poupança de custos é precisamente uma das grandes vantagens que o aumento de escala pode trazer. As aquisições permitem ganhos de dimensão mais rápidos, por oposição à via do crescimento orgânico, e trazem consigo sinergias que permitem cortar os gastos necessários a um mesmo nível de receitas. O resultado tende a ser, se tudo correr como previsto, uma maior eficiência e rentabilidade.

Acresce que, numa altura em que os bancos estão a ser forçados a fazer grandes investimentos em tecnologia, a escala faz toda diferença na rentabilização dessas mesmas estratégias e no aumento da competitividade. Precisamente porque parte desse investimento é um custo fixo que beneficia da escala para uma maior diluição do mesmo, ou seja, para uma diminuição dos custos marginais.

De resto, a consolidação é, há muito, defendida pelos próprios reguladores, nomeadamente pelos ganhos de robustez para a banca. O próprio BCE veio recentemente reforçar que os bancos se devem “posicionar com vista a um processo de consolidação há muito esperado na zona euro, que também promoverá uma melhor alocação de recursos”. E a verdade é que, de uma forma ou de outra, esse movimento de consolidação tem vindo a acontecer.

Estima-se que, só em 2021, face ao ano anterior, tenha havido uma redução de mais de 30% do número de instituições de crédito existentes na UE, de acordo com a Federação Bancária Europeia. Este movimento tem vindo a responder à crescente digitalização dos serviços bancários e às necessidades dos próprios clientes. E tem passado também por uma redução das redes de agências.

Num ambiente de tanta incerteza, não é ainda claro para onde caminha o setor bancário. Certo é que, se alguns fatores como a subida das taxas de juro têm ‘dado a mão’ a muitos bancos, há que contar com a imprevisibilidade da duração da guerra e dos respetivos efeitos económicos, a par de um feroz aumento da competitividade (que está para ficar). 

Muitos especialistas consideram, por isso, que é tempo de os bancos fazerem reestruturações profundas, em lugar de circunscritas e pontuais, que deem lugar a instituições mais eficientes, flexíveis e capazes de aguentar os embates do mundo atual. Adotar uma posição pró-ativa promete ser – na banca como nos demais setores de atividade -, a melhor ‘arma’ para fazer face aos tantos desafios que se apresentam.