Big Data: o investimento compensa?

A crescente digitalização da economia, a par do rápido desenvolvimento tecnológico, tem resultado na geração de um imenso volume de dados. Bem geridos e trabalhados, podem representar excelentes oportunidades para as empresas.

É nesse sentido que se fala há muito em Big Data, área de conhecimento que trata de estudar, analisar e retirar informação relevante de um conjunto muito elevado de dados. Ainda que esta competência seja um potencial gerador de enorme valor para as empresas, não deixa de ser algo que implica um grande investimento e, portanto, uma aposta a que nem todas as organizações têm acesso.

Ora, precisamente por isso, uma das grandes questões que se coloca quando se fala de Big Data é: será que compensa?

São vários os fatores que fazem com que a resposta a esta pergunta não seja simples. Por um lado, porque, embora esta área esteja em crescimento, ainda não podemos falar de uma ‘cultura de data’, digamos assim, nas empresas. Por ora, esta é sobretudo uma ambição, mais do que uma realidade generalizada, o que dificulta que se possa fazer balanços com significado entre investimento e retorno em Big Data. Ainda não existe um grande historial para analisar. E quando é possível, os resultados não são ainda muito animadores.

A aposta das empresas nesta área está ainda muito abaixo do desejável e, quando falamos em alterações tão estruturais da forma de gerir empresas e fazer negócios, é preciso ter-se um horizonte temporal já razoável de mudança para que se possam observar os resultados. Processos de transformação com esta dimensão levam tempo a tomar corpo.

No entanto, ainda que os analistas observem alguns exageros no entusiasmo em relação ao fenómeno Big Data, é bastante consensual que existem inúmeros benefícios que podem ser obtidos com a utilização deste recurso. Desde que usado de forma eficiente e correta.

Se não, vejamos. Um bom uso dos dados pode permitir, por exemplo, descobrir oportunidades que a empresa de outra forma não teria identificado, detetar riscos e soluções inovadoras para resolver problemas, conseguir maior rapidez de resposta, tomar decisões mais inteligentes e fundamentadas, promover uma maior eficiência no uso de recursos e mesmo aperfeiçoar os próprios processos de trabalho.

Rentabilizar o investimento em Big Data

Algumas estratégias podem ajudar a prevenir erros mais comuns associados ao investimento em Big Data que tendem a prejudicar o retorno para as empresas desta aposta.

A ausência de literacia e competências para lidar com esta área leva a que, não raras vezes, as empresas se auto-denominem ‘data-driven’ pressupondo que tal implica o recurso a Big Data. Isso mesmo torna-se evidente, por exemplo, quando as organizações investem em tecnologia Big Data não tendo um volume de dadosv suficiente para que essa estratégia faça sentido. Em resultado, tendem a ocorrer perdas significativas de dinheiro. 

Quando desajustado, este tipo de investimento pode levar também ao surgimento de entropias ao nível da operacionalidade e eficiência das empresas, nomeadamente fruto do esforço que é exigido em tempo e recursos para que as equipas aprendam uma ferramenta tão nova e complexa. Abraçar uma cultura ‘data-driven’ não passa obrigatoriamente pelo recurso a Big Data.

Outro ponto importante está relacionado com a relevância de saber identificar que projetos beneficiam do recurso à tecnologia Big Data. Um ‘erro de casting’ pode não só comprometer o sucesso de tais operações como resultar em elevadas faturas para pagar.

Por outro lado, ter a ilusão de que investir em Big Data é a chave garantida do sucesso e da resolução de todos os males é um erro e, como vimos atrás, não corresponde à realidade de forma tão simplista. Acresce que quanto mais se decide gastar neste tipo de tecnologias, maior a pressão e expectativas de resultados existirão, o que não tende a ser o ideal para boas decisões de gestão.

De resto, se há falha que põe rapidamente em causa a utopia de que investir em Big Data é, por si só, milagroso é a não aposta, em simultâneo em ter equipas experientes na área que possam maximizar os benefícios e as oportunidades e minimizar as perdas do recurso a este tipo de ferramenta.

A tecnologia Big Data, quando corretamente utilizada, pode, de facto, ser uma excelente ajuda na utilização dos dados para, de forma eficaz, identificar oportunidades, evitar riscos, tomar decisões de gestão mais acertadas, reforçar a eficiência da empresa e promover uma maior rentabilidade, em paralelo com um menor volume de custos. 

Sendo certo que este é um comboio que já está em andamento (e que tudo indica que não vai parar), ainda há um longo caminho a percorrer para uma otimização deste tipo de investimentos.