Qual o papel dos CFO num ambiente de incertezas
O Chief Financial Officer (CFO) tem um papel determinante na sustentabilidade de uma empresa, pois é o responsável pela saúde financeira da organização, possuindo uma visão transversal sobre a realidade da mesma.
Se há uma figura que tem um papel determinante na sustentabilidade de uma empresa é o Chief Financial Officer(CFO). É o responsável pela saúde financeira de uma organização, mas é também alguém que possui uma visão transversal sobre a realidade da mesma, o que pode ser particularmente relevante em matérias como a antecipação de riscos, deteção de fragilidades ou identificação de potencialidades. Em tempos como os que vivemos atualmente, é, mais do que nunca, importante que uma empresa conte com a perspetiva abrangente e global do negócio de um CFO.
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia, em fevereiro deste ano, veio abalar o mundo, trazendo uma enorme incerteza e perspetivas nada auspiciosas. A inflação tem vindo a disparar, as taxas de juro a subir, há uma crise energética instalada e inúmeros efeitos diretos e indiretos nas economias dos vários países, sobretudo dos europeus. Neste cenário, manter o rumo de uma empresa pode ser muito desafiante.
Em paralelo, outra convulsão tem vindo a ocorrer, relacionada com o papel atribuído nas empresas ao CFO. Tradicionalmente, eram “apenas” responsáveis pela proteção dos ativos, gestão de fluxo de caixa, relatórios financeiros, gestão do risco, análise de performance e análise financeira de uma forma geral. Agora começam a assumir também outros papéis, mais estratégicos.
Um verdadeiro ‘airbag’
O futuro é nesta altura um grande ponto de interrogação, não só quanto à dimensão que poderão ter os ‘estragos’, mas também pela impossibilidade de se poder saber, nesta fase, qual o horizonte temporal em que a atual instabilidade geopolítica e económica se manterá.
Enquanto um dos elementos mais relevantes da hierarquia de uma organização empresarial, o CFO pode ser útil, nesta altura, não apenas para definir metas e tomar conta da disciplina financeira, mas também para antecipar crises e delinear planos de contingência que ‘blindem’ o mais possível a empresa de choques negativos, face aos mais aos menos plausíveis, mais ou menos catastróficos. No trabalho de antecipação de cenários, o CFO deve definir claramente como e quando levar a cabo as ações financeiras necessárias para fazer face a cada um deles.
Desejavelmente, esta antevisão de consequências ajudará as demais áreas, que não apenas a financeira, a preparar-se e a ajustar as suas estratégias para uma resposta mais adequada. Consoante a política prévia da gestão, nomeadamente quanto ao envolvimento do CFO no processo de tomada de decisão, assim esta partilha de conhecimento tenderá a ser mais ou menos benéfica.
Períodos de crise como este são momentos que podem também ser aproveitados pelos CFO para realizar diagnósticos de balanço e rever financiamentos, imparidades, gestão de stocks, entre outros pontos, por forma a promover uma maior sustentabilidade e flexibilidade financeira da empresa. É igualmente importante avaliar eventuais necessidades de redistribuição de capital, de reavaliação de investimentos ou de realocação de recursos humanos.
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Download gratuitoDiferentes empresas, diferentes papéis para um CFO
Sendo certo que são inúmeros os benefícios e valências que um CFO pode ter, dependendo do contexto em que um diretor financeiro se insere, assim será aquilo que consegue fazer. Cada empresa e cada liderança tem uma visão distinta da importância de um diretor financeiro, podendo ter uma leitura mais tradicional do que deve ser a função de um CFO ou, por oposição, mais abrangente.
Das funções ditas mais tradicionais, como atrás referido, fazem parte sobretudo as áreas de finanças e compliance. Nas novas, estão funções de cariz estratégico que tiram maior partido das competências do CFO e da posição privilegiada que o mesmo ocupa na empresa, nomeadamente pela extensão de informação a que tem acesso
Seria, no entanto, limitativo dizer que é apenas o perfil de gestão da empresa a ditar o que é esperado de um CFO em cada organização. Mudanças de contexto como a evolução tecnológica ou a crise financeira de 2008 têm contribuído em grande medida para uma transformação gradual do papel do CFO. Em momentos mais difíceis, tem vindo a constatar-se que um dos fatores comuns às empresas que melhor resistem às turbulências é o papel central que estas dão ao CFO. Não só enquanto garantes de solidez financeira, mas pela visão global e estratégica que possuem. Ou não fora o facto de o CFO ser provavelmente o responsável executivo que mais está em contacto e mais está a par no que se passa em toda a estrutura empresarial.
Depois, fatores como a transformação tecnológica ou a crescente terceirização de tarefas, vão permitindo que as organizações sejam mais eficientes na gestão de recursos, possibilitando uma diversificação do trabalho do CFO.
Com mais ou menos responsabilidades, o CFO tem hoje lugar garantido nas salas de reuniões e no processo de tomada de decisão de qualquer empresa. E isso é algo que está para ficar.