Tecnologia e Inovação

Oportunidades e desafios na ‘Internet das Coisas’

A Internet das Coisas (IoT – ‘Internet of Things’) está a revolucionar inúmeros setores de atividade, assim como o dia a dia das pessoas, graças à conexão, de forma remota, entre dispositivos e objetos do dia a dia. Para as empresas em particular, permite a partilha, recolha e análise de dados, com benefícios como a redução de custos, a otimização operacional, a melhoria na interação com os clientes e a perspetiva de maiores rentabilidades. As transformações prometem ser profundas e isso mesmo é já muito visível em áreas como a indústria e o setor da saúde.

O crescimento deste mercado tem sido bastante expressivo nos últimos tempos, de mais de 20% por ano, e, mesmo que venha a desacelerar alguma coisa nos próximos anos, não se prevê que baixe dos dois dígitos de subida anual. Isto porque, como tem acontecido noutras áreas impulsionadas pela inovação tecnológica, há ainda uma margem gigante para crescer. De resto, estima-se que, até 2030, este mercado possa mais do que quadruplicar em valor.

Desde aplicações na área da saúde, a cidades inteligentes, passando pela exploração agrícola mais eficiente, pela otimização logística e gestão de stocks na indústria ou pelo controlo ambiental, é caso para dizer que ‘o céu é o limite’.

A tecnologia IoT permite, por exemplo, que um indivíduo possa saber, graças ao seu frigorífico inteligente, se é preciso ir às compras e que alimentos faltam. E, numa fábrica, podem fazer-se ajustes na produção com base em informação fornecida em tempo real, sobre as necessidades do momento dos clientes. Tudo isto de forma remota e, no limite, sem qualquer intervenção humana. 

No setor da saúde, a IoT pode ser utilizada para monitorizar pacientes à distância, na agricultura, para otimizar as regras e poupar água ou, nos transportes, para conseguir uma melhor gestão do trânsito nas cidades.

desenvolvimento destes ‘ecossistemas’ de dispositivos a funcionar em rede está intrinsecamente ligado à progressão tecnológica, impulsionando o seu crescimento e sofisticação à medida que a inovação tecnológica vai, ela própria, acontecendo. A ligação 5G, a inteligência artificial ou o machine learning são exemplos de ferramentas que tornam possível a IoT e a sua expansão.

Para além das muitas vantagens e diferentes aplicações que a IoT pode ter, o seu crescimento traz também desafios acrescidos, tal como tem acontecido em tudo que está relacionado com as novas tecnologias. 

A crescente conectividade e recolha de dados traduz-se num volume considerável de informação trocada, o que significa que a vulnerabilidade tende a ser maior. O desenvolvimento tecnológico tem, também na IoT, de ser acompanhado por uma aposta forte na segurança e controlo de risco, sobretudo por parte das empresas. A manutenção da privacidade e confidencialidade dos dados é, no mundo empresarial, fundamental para garantir que se mantém a credibilidade e a confiança dos clientes, assim como dos restantes stakeholders.

Como funciona a IoT e quais as vantagens

A tecnologia da IoT permite conectar equipamentos à Internet e, dessa forma, trocar dados. Com recurso a sensores, os dispositivos IoT recolhem dados, que são depois enviados para servidores na cloud ou outros sistemas

Desta forma é possível monitorizar e controlar de forma remota o mundo físico, o que, para as empresas, representa a oportunidade de reformular operações, obter vantagens competitivas e até repensar modelos de negócio. Mesmo que apostar nestas áreas implique investimentos relevantes e traga alguns riscos associados (de segurança, proteção de dados, regulatórios, entre outros), os ganhos potenciais são consideráveis e com maior peso.

Como? Graças, por exemplo, à identificação de ineficiências nas operações, automatização de tarefas e minimização de tempos de inatividade, com benefícios para a otimização de processos e recursos. Depois, ao permitir que se obtenha informações em tempo real, é possível tomar decisões mais rápidas, diminuindo o tempo de reação. 

Já no que diz respeito à interação com o mercado, numa altura em que os consumidores estão mais exigentes e informados do que nunca e que a concorrência é feroz, a IoT permite que as empresas consigam obter muito mais informação sobre as preferências e comportamentos dos clientes, podendo corresponder de forma mais eficiente e rápida às suas necessidades.

Um mundo de possíveis aplicações

Embora seja extensa a lista de aplicações da IoT, já nos dias de hoje, algumas áreas destacam-se, com resultados mais visíveis.

É o caso da indústria, onde têm vindo a crescer as ditas ‘fábricas inteligentes’. Graças à tecnologia IoT, pode-se garantir a manutenção preventiva de equipamentos, detetar falhas na produção, assegurar que as condições ideais para a produção de determinados produtos (temperatura, humidade ou outras) são garantidas, otimizar a cadeia de fornecimento e a gestão de stocks.

Já na saúde, dispositivos como smartwatches e outros rastreadores de condição física, monitorização remota de sinais vitais ou até deteção de padrões irregulares de saúde, são já possíveis. Este acompanhamento à distância tende a contribuir de forma crescente para reduzir os internamentos hospitalares e idas às urgências, assim como reforçar os cuidados de saúde preventivos. Nos hospitais, recorre-se cada vez mais à IoT para a gestão, manutenção e bom funcionamento de dispositivos médicos e outros equipamentos, garantindo que os dispositivos médicos operam de maneira ideal, e para monitorização de dados de pacientes em tempo real. 

No retalho, as prateleiras inteligentes e a monitorização dos padrões de consumo permitem que se vá controlando as necessidades de reposição e adaptar a temperatura das lojas, a disponibilidade de estacionamento ou o número de postos de atendimento ao fluxo de clientes. Vai passando também a ser possível que as lojas enviem descontos e outras ofertas aos clientes, via smartphone, enquanto eles estão na própria loja ou, de uma forma geral, avançar com estratégias de marketing mais eficazes e lucrativas.

Numa área tão importante para fazer face às alterações climáticas como é a energia, a IoT ajuda a otimizar o consumo de recursos e a reduzir o desperdício, com a distribuição de eletricidade de forma eficiente, o uso de termostatos inteligentes de ajuste do aquecimento e arrefecimento ou a gestão de equipamentos de energia renováveis.

Já quanto à gestão dos próprios centros urbanos, a utilização de sensores ajuda a aumentar a eficiência dos sistemas energéticos, a promover a mobilidade ao nível dos transportes públicos e privados e a fazer face aos crescentes desafios de segurança e sustentabilidade.

Tal como tem acontecido noutras áreas mais embrionárias e onde há um desconhecimento grande de como funcionam e como poderão evoluir, também na IoT há muitos empresários que resistem à sua utilização em benefício das suas organizações. As empresas devem, de facto, salvaguardar, na implementação da IoT, que a segurança e gestão e proteção de dados sejam assegurados. Para além da segurança, também a aposta na formação de profissionais qualificados nestas áreas é fundamental, para melhor se tirar partido do que esta tecnologia possibilita.

Mas já é tarde para pensar em ignorar a sua existência. É predominante em cada vez mais setores e constitui um fator de competitividade crucial.