Planeamento a longo prazo

Economia Circular: o inevitável futuro dos mercados

Economia Circular: o inevitável futuro dos mercados O futuro das nossas ações enquanto sociedade, empresas e particulares passa pela reparação,...

O futuro das nossas ações enquanto sociedade, empresas e particulares passa pela reparação, reutilização, reciclagem e redução do desperdício, estas ações não serão esporádicas, mas sim uma nova e inevitável forma de estar. Quanto mais rapidamente nos adaptarmos, mas depressa alcançaremos vantagens competitivas.

Em 30 de dezembro 1970 esgotávamos os recursos naturais da terra para esse ano, em 1980 a 4 de novembro, em 1990 a 10 de outubro, em 2000 a 22 de setembro, em 2010 a 6 de agosto e em 2021 a 29 de julho. Década após década esgotamos os recursos cada vez mais cedo.

Em 1970 existiam 3,6 mil milhões de pessoas no mundo, em 1980 éramos 4,4 mil milhões, em 1990 éramos 5,2 mil milhões, em 2000 éramos 6 mil milhões, em 2010 éramos 6,9 mil milhões e atualmente em 2021 somos 7,8 mil milhões. A população mundial aumenta a um ritmo de 800 milhões de pessoas a cada dez anos.

A este ritmo, com a população mundial a aumentar, se nada for feito, vamos assistir a um aumento da utilização dos recursos do planeta para fazer face ao consumo. A escassez dos recursos naturais, a utilização abusiva: da água, dos alimentos, do petróleo, de metais como o cobre e o lítio, do carvão e do gás natural irá, ao longo do tempo, esgotar os recursos naturais. Com este modelo atual de consumo “crescente” iremos contaminar o meio ambiente e esvaziar cada vez mais cedo os recursos naturais do planeta.

O desafio que temos pela frente passa por criar um modelo que permita a regeneração, a conservação dos recursos do planeta e, ao mesmo tempo, a eficiência na utilização dos recursos.

“Sustainability has to be a way of life to be a way of business.”

Anand Mahindra – Presidente do Mahindra Group

Por isso, governos, empresas e pessoas começam a adotar modelos baseados na economia circular, um novo modelo de produção e consumo sustentável. Esta nova forma de viver o mundo passa pela reparação, pela reutilização, pela reciclagem e pela redução do desperdício.

Atualmente, vivemos num modelo de economia linear em que os produtos são produzidos, utilizados e descartados, com a ideia de que existem matérias-primas ilimitadas. A economia circular é acima de tudo um modelo de viver diferente do atual, mais eficiente, que maximiza a utilização, promove a reutilização e valoriza as matérias-primas em todos os momentos do seu ciclo de vida.

A economia circular é um modelo sustentável de produção, distribuição e consumo que pretende por um lado desenhar produtos novos em módulos que possam ser reciclados e reutilizados, e por outro utilizar matéria-prima usada e reciclada no desenvolvimento de produtos.

A economia circular tem como foco os benefícios para toda a humanidade, tendo como âmbito a economia, a sociedade e o ambiente, baseando-se em três princípios básicos: 1) eliminar o desperdício e a poluição, 2) manter os materiais em uso, 3) Regeneração dos sistemas naturais.

Em Portugal, temos diversas empresas que já iniciaram projetos circulares, entre elas:

A Prio, a Delta Cafés e a startup Ecobean, estas 3 empresas desenvolveram um projeto que consiste na produção de briquetes para barbecue (BBQ) a partir das borras de café recolhidas nos postos de abastecimento Prio.

A Sonae Arauco que aposta na utilização de matérias-primas de origem sustentável, incorpora subprodutos da indústria da madeira na elaboração de painéis. A Sonae Arauco percebeu que era importante apostar na madeira reciclada garantindo o “desperdício zero” ao longo dos processos produtivos.

A Fair Meals disponibiliza uma plataforma em que o utilizador, depois de se registar, acede a informação sobre refeições que sobram em restaurantes numa determinada área, onde pode reservar e posteriormente levantar no local. Os descontos podem ir até aos 90%. E, no final, 10% da receita da FAIRMEALS reverte a favor de instituições de solidariedade social.

A Corticeira Amorim é um dos exemplos de bandeira da economia circular em Portugal substituindo materiais não renováveis por cortiça, um material de origem biológica, não tóxico e com propriedades que lhe conferem múltiplas aplicações nos mais variados domínios.

Existem múltiplos exemplos de empresas que se preocupam com o desenho de produtos, para que estes possam entrar no mercado tendo em conta o modelo da economia circular, que as matérias-primas sejam reutilizáveis e que possam voltar ao mercado. A preocupação pela sustentabilidade e eficiência tem vindo a crescer e a aumentar o seu número de apoiantes. Por esse motivo, as empresas também começam a olhar para a economia circular como uma oportunidade diferenciadora, competitiva e menos onerosa.

“We won’t have a society if we destroy the environment.”

Margaret Mead – Antropologista cultural

 

ESTUDO SAGE E CIO DA IDG

Os distribuidores estão a modernizar-se para ultrapassar uma série de desafios.

Download gratuito do estudo

 

Para casos de necessidade de financiamento e apoio em projetos de economia circular é possível aceder à plataforma European Circular Economy Stakeholder Platform, que tem como um dos seus focos o apoio à transição para uma economia circular.

A sustentabilidade do nosso planeta não é uma brincadeira, não é algo com que nos possamos preocupar mais tarde ou que fique para depois, como leram no início do artigo. Anualmente, os recursos da terra para sustentarem as necessidades dos humanos esgotam cada vez mais cedo.

Convido-vos a medirem a vossa pegada ecológica e que pensem no que podem fazer de diferente e se a economia circular faz sentido como um modo de estar, consciente, global e de futuro.

A economia circular é um modo de vida, uma forma de estar, e todas as ações ajudam-nos a regenerar e a ter um mundo melhor. A sustentabilidade é a palavra-chave para a adoção de uma economia circular: fabricado com menos recursos, que pode ser utilizado por mais tempo, mais simples para reparar, que pode ser reutilizado e novamente valorizado em fim de vida.

Cabe a cada um de nós: pessoas e empresas, tomarmos ações para dar vida a este modelo económico que já é considerada uma tendência. Para contribuirmos de forma ativa e fazermos parte desta forma de estar, podemos tomar ações simples como:

  • Procure adquirir roupa que dure mais tempo. Doe peças de vestuário, lençóis, mantas ou calçado em estado razoável.
  • Procure adquirir eletrodomésticos e máquinas mais duradouras e quando necessitar, prefira reparar a comprar produtos novos. Se não quiser os eletrodomésticos ou máquinas antigas: doe a uma instituição ou coloque num ponto de recolha.
  • Quando faz remodelações, tente dar vida nova aos móveis antigos, crie adaptações, pinte-os. Quando não os quiser: doe ou entregue num centro de recolha.
  • Entregue as baterias dos automóveis em centros licenciados, coloque as pilhas num ecoponto apropriado.
  • Não deite óleo pelo cano, esta ação contamina a água e cria problemas nos sistemas de tratamento de águas residuais. Após o óleo arrefecer coloque numa garrafa e deposite-o num ponto de recolha apropriado.
  • Reutilize e quando em fim de vida substitua as garrafas de plástico por garrafas de vidro.
  • Faça a reciclagem do maior número de produtos.

A economia circular está diretamente ligada com outros modelos que permitem dar vida a um mundo mais sustentável e eficiente, tais como os modelos de economia de partilha, “servitização”, everything-as-a-service, inovação para Zero, Zero desperdício entre outros.

Sabemos que os modelos de negócio baseados em economia circular trazem diversos benefícios para todos, empresas e particulares: benefícios para o ambiente, aumento de produtividade, eficiência e resiliência, redução de resíduos em aterros, aumento da competitividade, redução da pegada de carbono, poupanças económicas para empresas e, consequentemente, para consumidores.

Não podemos ignorar esta economia, ser competitivo, passa por desenhar serviços que sejam sustentáveis e eficientes. Todos sem exceção teremos de ser utilizadores em vez de consumidores, temos de partilhar em vez de acumular, é um novo lema e forma de estar no mundo, essencial para desenvolver um modelo económico circular, sustentável e saudável para todos. O planeta, nós e os nossos filhos, dependemos da adoção de uma economia circular mundial!