Crescimento de Negócio e Clientes

Desperdício na indústria alimentar: será que a tecnologia pode ajudar?

Se há muitas áreas onde ainda há muito a fazer para reduzir o gasto de recursos e proteger o ambiente, o setor alimentar é seguramente um deles.

Se há muitas áreas onde ainda há muito a fazer para reduzir o gasto de recursos e proteger o ambiente, o setor alimentar é seguramente um deles. Simultaneamente, a realidade mostra que o desperdício alimentar assume há muito proporções astronómicas.

Estima-se que, só na União Europeia (UE), sejam desperdiçados todos os anos 88 milhões de toneladas de alimentos.Aqui inclui-se todo o tipo de desperdício. Desde os alimentos que deixamos no prato, aos produtos fora do prazo de validade, passando pelos restos de colheitas. Calcula-se ainda que mais de metade do desperdício total de alimentos no espaço europeu seja gerada nos agregados familiares, seguidos dos serviços alimentares e do retalho (sobretudo supermercados).

Face a esta realidade, todas as ferramentas são poucas para alterar este cenário, sendo a tecnologia claramente uma delas. Até porque em causa estão não apenas questões éticas, mas também económicas, ambientais e de gestão de recursos naturais. Com uma população mundial que continua a crescer de forma acelerada, a pressão sobre setores alimentares como o agrícola é insustentável e o caminho passa, nomeadamente, por uma redução drástica do desperdício alimentar. Em termos ambientais, tal desperdício é responsável por mais de 8% do total de emissões globais de gases com efeito de estufa. Por outro lado, em termos de distribuição de recursos, a escassez alimentar tende a ter sempre um mesmo resultado, injusto. Enquanto os países ricos mantêm a capacidade de alimentar a população (tantas vezes com enormes excedentes), nos países menos desenvolvidos falta comida para alimentar as populações.

Um pouco por todo o mundo, multiplicam-se os estudos de soluções e a implementação de ferramentas para reduzir o desperdício alimentar. Neste caminho que está a ser feito, as novas tecnologias estão a demonstrar ser um claro aliado.

Indústria Alimentar

A Transformação Digital na Indústria Alimentar e das Bebidas – Estudo IDC

Download Gratuito
Mulher em restaurante

Como a tecnologia pode valer ‘ouro’ na luta contra o desperdício

As novas tecnologias prometem ser cruciais na luta contra o desperdício alimentar e respetivos impactos no ambiente e na gestão dos recursos naturais.

Para uma melhor resposta às necessidades alimentares, a chamada ‘agricultura vertical’ é uma das vias que está a ser seguida. Com a escassez de terra existente quer nos meios urbanos quer nos rurais, onde a terra não é adequada para a agricultura, as explorações agrícolas na vertical permitem usar menos terra e menos água, por oposição aos métodos de cultivo tradicionais. A ela juntam-se, por exemplo, a inteligência artificial, que permite recolher dados que serão úteis na monitorização do uso eficiente de recursos.

tecnologia blockchain pode ser usada no rastreio de alimentos do campo à mesa, através da digitalização padronizada de alimentos, para assim permitir um entendimento mais ‘fino’ do que são os padrões de consumo, os excedentes e os desperdícios em toda a cadeia alimentar e para que seja possível uma rápida e eficaz realocação de produtos para onde estes são necessários.

Com o objetivo de apoiar a redução do desperdício de alimentos, têm surgido aplicações eletrónicas (‘apps’) – usadas sobretudo no retalho -, destinadas a permitir que restaurantes, pastelarias, lojas e supermercados escoem produtos prestes a expirar, a um preço reduzido.

Nos supermercados, a tecnologia permite já que se saiba, a todo o momento, quanto, de um determinado alimento, já foi vendido e quanto está em stock, mas pode servir para conhecer em maior profundidade o consumo de alimentos e os hábitos de desperdício dos consumidores. Com o apoio da tecnologia e os ‘Big data’, pode antecipar-se quais os produtos que podem vir a gerar mais desperdício e, assim, ajustar as estratégias de marketing por forma a evitar esse cenário.

Na agricultura, as novas tecnologias podem permitir que os agricultores e fornecedores semelhantes percebam que alimentos e em que quantidade são desperdiçados nas lojas, armazéns, supermercados e agregados familiares.

Na restauração, por exemplo, a tecnologia permite que seja possível perceber onde estão as perdas recorrentes e, assim, poder ajustar-se quanto se compra ou não de cada alimento. Numa lógica de gestão global dos meios urbanos, pode ser possível perceber onde faltam e onde sobejam alimentos e assim redistribuí-los conforme as necessidades.

À velocidade a que a tecnologia está a evoluir em tantas dimensões das nossas vidas, é fácil antecipar que muito ainda esteja por inventar e descobrir para ajudar nesta missão de reduzir o desperdício alimentar. Até porque uma coisa é certa: esta é uma necessidade cada vez mais urgente. Dado o aumento da fome no mundo e a distribuição tão desequilibrada de recursos e a relação entre o desperdício e as alterações climáticas, agir é o único caminho possível. E todos, particulares e empresas, têm um papel a desempenhar e, no final, benefícios a obter com uma gestão mais eficiente de recursos.